quinta-feira, julho 20, 2006

Maldito seja o pântano de Joshua

Numa época onde cachorros eram amarrados com lingüiça, resolvi acabar de vez com o tédio que me consumia. Eu já estava cansado daquela vida rotineira em que vendia bezerros para o açougue. Não queria ver mais sangue jorrando, então decidi me aventurar pelo mundo.
Viajei para o pântano de Joshua em Bruxelas. Era um lugar ao estilo Bruxa de Blair, talvez por ser em Bruxelas. Dizem as más linguas que o arrepio causado pelos espiritos é uma coisa para maricas, mas eu estava mais preocupado com o conforto de uma boa cagada, pois no mato há cobras. Fui sem medo, pois levei meu chapéu do Ariri Pistola.
Eu tinha uma caracteristica diferente que me ajudaria neste caminho triunfante para o triunfo (humpf! então decidi jogar Super Trunfo. Rááááá! Nada disso). Ao contrário do Arlindo, eu sabia diferenciar um viado de uma gazela. Então corri para o que seria a maior de minhas aventuras.
Chegando lá, parei pra pensar e percebi o quão belo é a natureza e as flores que perfumam (os campos, não isso não, pois não sou contabandrista) as coxilhas abertas. Mas o pântano ainda estava me escondendo algo. Urubus, corvos e coyotes me cercaram. Pensei em chamar Arlindo para uivar, mas ele era ingênuo demais. Então lembrei daqueles jogos onde você tem que encontrar um jeito de fugir de um leão que estava à esquerda, na cobra que estava à direita, do papagaio que ficava chamando você de japonês do pau pequeno atrás e do Zidane que ficava na frente tentando proferir sua potente cabeçada. Como esse não era meu jogo preferido, decidi comer uma pastilha e ganhei o poder de sair comendo todos os meus inimigos animais.
Segui em frente e, ao som do bugio da noite que despertava da sua escória para sodomizar pobres africanos que entravam lá, encontrei uma grande escotilha. Fiquei espantado com aquilo. "Como é possível um pântano isolado no planeta ter tamanha tecnologia? Será que isso foi alguma obra das aves exóticas que aqui vivem?", pensei. Eu estava completamente perdido e tentei de todos os modos abrir aquela máquina. Mas aí me veio na cabeça algo que eu jamais esqueceria...ainda não era época do Lost passar na TV.
Depois de ter imaginado coisas tremendamente fora da realidade, continuei a trilha. Lembrei da história da Chapéuzinho Vermelho e larguei migalhas de pão no caminho para não perder o rumo. Mas então fiquei preocupado com mais lobos e pensei em outro personagem para enganar os predadores. Lembrei que estava com um discman e um cd do Michael Jackson, então continuei o percurso sem medo do bugio noturno.
A paisagem me agradava, pois me fez lembrar da minha infância. Bons tempos em que eu comia jacarés sem medo de pegar uma doença (não levem pro outro sentido, eu era só uma criança). Já estava tarde então era hora de voltar pra casa. Percebi então que algo terrivel aconteceu. Não encontrei as migalhas de pão que havia largado no chão! Tentei de todas as formas entender o que havia acontecido, pois eu não tinha colocado geléia de morango no pão e nenhum ser vivo seria burro o bastante para comê-lo. A fúria tomou conta do meu corpo e quebrei o discman e o cd do Michael Jackson. Pela porca miséria! Andei ao contrário. Maldito seja o Michael Jackson de ter inventado o "moonwalk". Ainda bem que eu tinha um patins do Gugu e uma geléia de morango na mochila. Da próxima vez eu levarei um cd do Roberto Carlos para não fazer cagada sozinho, pois "...Vi minha esperança na voz de um menino que sorrindo me acompanhava...".

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