sábado, julho 15, 2006

Arlindo, um ser ingênuo demais

Em meados de 1978, um garoto pardo e que não gostava de bombinhas de chocolate nasce no meio dos lobos. Era chamado de Arlindo. Arlindo tinha uma característica um tanto incomum para alguém que vive entre os lobos: Arlindo era ingênuo demais.
Arlindo cresceu e foi para a cidade grande. Seus primeiros dias fora da selva foram complicados, pois as velhas senhoras que vendem cachorro-quente não sabiam uivar. Mas Arlindo não queria ser mais um mendigo de botina. Então teve que arrumar um emprego.
Arlindo não sabia diferenciar o bem e o mal. Como tinha um estilo de vida diferente da maioria da população e tinha um carisma quase canino, foi contratado para ser garoto-propaganda de um comercial de remédios anti-gases. Isso ainda não era o bastante para conseguir o sucesso que desejava, então Arlindo recebeu uma proposta surpreendente. O Senhor Zumbi desceu à Terra e, como toda boa história infantil, ofereceu o sucesso e a fama em troca de sua pura alma. Arlindo não havia herdado a malandragem que seus pais lobos tinham. O que ele mais precisava nessa hora era correr atrás do rabo, mas decidiu aceitar a proposta.
No dia seguinte, Arlindo foi contratado para ser um apresentador de programas isla-evangélicos numa emissora um tanto obscura. Era o começo de uma gloriosa era. Ganhou muito dinheiro e foi logo chamado para contracenar com a Wilza Carla numa novela equatoriana, onde seu papel era o de um senhor que botava leite na comporta para os vietnamitas na Guerra Fria.
Mas Arlindo ficou muito famoso quando foi pego cheirando um par de chinchilas asqueirosas. Como era ingênuo! Arlindo havia esquecido que estava participando de um reality show.
Arlindo virou febre nacional, mas não era esse tipo de sucesso que queria. Então resolveu enfrentar o mestre Zumbi e, como não era o Chuck Norris, bateu com um ferro três vezes no chão, mas não conseguiu o transformar em um imã. Senhor Zumbi então levou Arlindo para o inferno.
Arlindo não sabia o que fazer e a dor o consumia. Tentou de várias formas fugir daquele inferno. Na mais dolorosa tentativa, Arlindo engoliu um corvo vivo enquanto jogava punhobol com o Hitler. Mas Arlindo tinha uma técnica que ele nem mesmo sabia. Numa noite calorosa em que dormiu no mesmo quarto de um negão que foi para o inferno porque tinha estuprado 654 pessoas em uma tarde de lua cheia, Arlindo soltou um potente uivo. Como ele teve uma pequena participação num episódio do Chapolin em que somente uivava perto da casa do Abomineve Homem das Naves, o vermelhinho enfrentou tudo e todos para salvar seu ex-colega de trabalho.
Arlindo então voltou para o seu mundinho de ingenuidade. Mas desde então ele não teve uma vida tranqüila. Tentou de várias formas conseguir um bom emprego e uma estabilidade. Mas infelizmente ele jorrou espermas em cima de seu chefe durante a reunião de negócios que discutiria a sua promoção em uma empresa e foi demitido. Com isso ele só conseguiu um emprego de apagador de quadro negro para professores manetas, pernetas e caolhos em Tegucigalpa.
Ano passado, Arlindo teve uma diarréia fulminante crônica e morreu em três cagadas.
Arlindo era muito ingênuo.

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